11 outubro 2016

Turista

Vai escrever um conto, uma crônica? Um romance?

Nem pense que acrescentando tchê, uai ou meu rei às falas transforma os personagens em gaúchos, mineiros ou baianos. Tampouco situando-os numa roda de chimarrão, na arquibancada do Mineirão ou comendo acarajé na porta da igreja de Nosso Senhor do Bonfim realizará o milagre da transformação.
Pesquise para convencer o leitor.
Se o personagem é surfista, entre na onda.
Se é malandro, suba o morro.
Se é velho, pegue um bonde e visite-o no asilo.
Da mesma forma, estude e entre no cenário onde ocorre a história. Sinta sede no sertão árido, coloque um quipá para rezar numa sinagoga, apavore-se numa cela do terceiro distrito.
De preferência escreva sobre o que está ao seu redor, aquilo que você conhece, pensa ou vive. Sobretudo a respeito daquilo que lhe importa.
Grandes autores não foram turistas, nem precisaram viajar. Guimarães Rosa estava em casa no sertão mineiro. Franz Kafka nem precisou transformar-se para falar de assédio moral. Camus era estrangeiro na própria pele.
Neste Manual do escritor precisei pesquisar, entrevistar e ler muito para me aproximar da verdade, se é que ela existe.

Neste mês de outubro, lançarei o Manual do Escritor. Revisão feita. Está na mão do diagramador. Pense em alguém orgulhoso do trabalho.

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