05 julho 2016

O dia em que o autor botou saia e percebeu a tristeza fêmea









GOSTO AMARGO

De advogada respeitada entre pisos de granito e poltronas de couro transformaram-me em barata fétida. Minha vingança será afogar-me na reunião do conselho, bem na sua xícara de café.


TESOURA DAS ESTAÇÕES
O outono pintou meus cabelos de branco. Ensinei o beabá, tricotei agasalhos e cozinhei frangos. Família, família, família. Seios, apenas para alimentar. Ventre, para gerar. Sinto os calorões da idade. Abro a janela e me refresco com um raio de sol sobre o musculoso jardineiro podando meu passado.


FIM DO ASSÉDIO MORAL
No dia 25 de dezembro o policial chegou ao vigésimo quinto andar e abriu a porta, nem precisou arrombar. A negra cortina do escritório balançava ao vento transformando meio-dia em caverna. Apesar dos telefones nas dezenas de mesas, o silêncio era ensurdecedor, ninguém na sala, só uma folha de papel jazia no chão.

Dr. Paulo, o senhor queria que eu desse meu sangue para a empresa. Conseguiu.


O brilho de um monitor de computador sugeria ter sido aquela a penúltima janela do morto no térreo.

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