12 janeiro 2016

Banco chinês devora moedas e machuca fundos

“Os chineses da província de Shangdon terão de pagar para sentar em bancos do Parque de Yantai. Eles vêm com uma espécie de pinos pontiagudos que só se retraem quando o usuário coloca moedas em uma caixa instalada debaixo dele.”

Construa mentalmente a cena de um domingo numa praça de cidade do interior. O sino chamando para a missa. Um casal de velhinhos, silenciosos, de mãos dadas, sentados no banco, de frente para o coreto. Na sombra de uma jaqueira, um balão de gás vermelho, amarrado no carrinho empurrado pela mamãe. Uma menininha de vestidinho branco, com a boca lambuzada de sorvete, brincando com uma formiga no chão. Um cachorro deitado na grama com a cabeça entre as patas. Uma abelha escolhendo uma flor. Os vendedores de balão, sorvete e bolas agrupados na esquina da avenida. Tudo muito calmo e sereno como as nuvens brancas estacionadas no céu azul.

Essa história aconteceu na China e não aqui. Lá é tudo muito semelhante ao Brasil. Ou quase. A cidadezinha do interior deve ter uns 30 milhões de moradores, todos com os olhinhos semicerrados e falando uma língua que nós não entendemos. Provavelmente a plaça tem uma igleja, um coleto e gente em plofusão – brincadeira de contador de histórias.

A praça de Chan Ti Li fica no topo da cidadezinha de Mo lan Go e está sempre lotada de gente. Precisaram colocar um placar luminoso limitando o número de pessoas.

Há vagas para dois adultos e uma criança ou um gordo e uma criança.

A situação beirava o caos. Para aumentar a área útil aos cidadãos, o administrador do parque eliminou todos os espaços onde havia grama, substituiu-os por um cimentado verde. Quase todas as árvores foram retiradas. Em compensação plantou postes com luminárias para que a população pudesse se revezar e praticar passeios noturnos.

Os recursos para a manutenção da praça provinham de máquinas de refrigerante adaptadas para grãos de milho. Por algumas moedas, se recebia um copo para alimentar pombas. Com o passar do tempo as aves sumiram, porque deixou de haver pista suficiente para pousos e decolagens.

Necessitando de caixa, o criativo administrador readaptou os caça-níqueis aos banheiros públicos. Logicamente a queixa dos usuários era esperada. Surpreendeu-se, porém, ao descobrir que a população, por falta de outro lugar para sentar, usava os banheiros para descansar as pernas.


Empreendedor, rapidamente adaptou bancos com pinos pontiagudos e limitadores de tempo da forma descrita no jornal. Mesmo contrariados, os habitantes da Shangdon sentaram-se. A novidade, entretanto, mudou hábitos de tal sorte que o ganancioso administrador despertou para mais uma forma de arrecadar dinheiro fácil: alugava pequenos fones de ouvido que emitiam sinais sonoros 30 segundos antes dos bancos cutucarem as bundas distraídas. A garotada fazia fila para disputar os fones. Curtiam saber, com antecedência, qual velhinho iria pular com cutucadas pontudas.

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