30 outubro 2014

Neblina



Neblina


Cesar Veneziani

Editora Patuá

R$ 25,00 no site da editora

148 páginas








Recebi o livro pelo correio e de imediato, mesmo sem conhecer o conteúdo, me apaixonei pelo exemplar.

A capa maravilhosamente produzida com uma identificação visual muito própria da editora Patuá.  A cor acinzentada, turva, embaçada, enevoada envolvendo um homem claramente angustiado remete ao título Neblina. Perfeito. Impactou-me a escolha do papel e as negras páginas pares com os títulos contrastantes de cada poema.

De cara topei com o poema concreto Duas dedicado ao filho


foi assim
duas rodas

u
m

p
o
s
t
e

e duas asas
o levaram de mim.


Com o polegar da mão esquerda segurando a contracapa, os outros dedos na capa e a mão direita segurando a lombada virei as páginas do livro como se fosse uma baralho na mão de um experiente croupier. Os títulos brancos no fundo escuro produziram um delicioso sentimento como se visse um filme de poemas.  No terceiro movimento, mais lento, observei as páginas ímpares e percebi que as manchas de poesia em cada página adquiriam formatos diferentes assegurando que o poeta, no seu segundo livro, mostra-se maduro e confiante ao transitar em diversos gêneros da poesia.

Foi o bastante para instigar a leitura.

Nos sonetos ou poemas livres de rótulos há muito ritmo, cadência e sonoridade como em Beijo especial em que o movimento fonético sugere uma leve lânguida lambida. Mais do que melodia, a poesia de Cesar Veneziani revela saudade amorosa, no meio da névoa descortina frustrações e resgata a tristeza de momentos nebulosos – “a melancolia de ver, dia após dia, nada se perpetuar ante os sonhos”.

Dizendo que “não quero a rima fácil de outro lábio” compôs um livro para ficar em destaque na estante de livros. Assentei a poesia lá no alto e ela com todo o direito ”me olhava de cima, toda se achando”.


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