18 março 2011

O vrum que me levou ao passado



O sol ainda estava sob as cobertas, mas eu, madrugador que sou, já estava de pé na frente da geladeira pegando um pacote plástico com pão de forma. Ouvi, do quinto andar, o barulho da moto do entregador de jornal.

No mesmo instante, lembrando tempos antigos, salivei pão francês e leite fresco.

Eu explico: O padeiro no escuro da manhã pilotava uma lambreta verde com um baú de madeira. Parava na frente de quase todos os portões. Sabia de cabeça quantos filões, pãezinhos, doces e garrafas de leite deveria entregar em cada casa. Entrava, deixava as garrafas de tampa de alumínio ao lado dos saquinhos de papel e saia.

Os sons que eu ouvia da minha cama na infância ainda reverbam na memória.

Primeiro ouvíamos ao longe o liga e desliga da lambreta se aproximando até chegar sob a nossa janela. Depois de embrulhar os pães mornos ouvíamos a tampa fechando barulhos no baú. Em seguida os passos corridos no quintal até a caixa protegida do tempo. Dois segundos depois retornava com os mesmos passos corridos. Batia o portão de ferro e ligava a moto se afastando alguns metros até o próximo vizinho.

Agora, guardei o pão de forma de volta na geladeira e caminhei até a padaria em busca de um sonho.

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