09 fevereiro 2011

A bicharada foi ao cinema


Cientistas do Instituto de Abraham, em Londres, descobriram que as ovelhas ficam mais calmas quando vêem rostos conhecidos depois de algum tempo sozinhas. Na pesquisa foram projetadas imagens de cabras, ovelhas, formas geométricas e outras figuras. Então mediu-se o nível de estresse dos bichos, com controle das batidas cardíacas e inquietação. CB – Você sabia..., 07/02/2011



Há algo de podre no reino da Inglaterra, diria Shakespeare ao saber que os cientistas britânicos, por não terem mais o que fazer, pesquisam as imagens preferidas pelas ovelhas. Começaram com triângulos, quadrados e estrelas, até produzir longas metragens com artistas consagrados.
Imagine a surpresa do bardo inglês. Caminhando por uma calçada de Stratford, passa em frente ao cinema e depara-se com um cartaz:

Hoje: Ovêlho e o mar – sessão às 14/ 16/ 18/ 20 e 22 horas. Um filme estrelado pela Ovelha Dolly, roteiro de Ernest Hemingway e adaptação especial para o rebanho ovino.

Lê o cartaz e relembra ter escrito as tragédias do Rei Lear, Otelo e Hamlet. Tudo humano, para humanos. Isso foi lá nos anos 1600. Os tempos mudaram. Agora o mundo é ecologicamente correto com direitos iguais para todos os seres viventes. E principalmente para todos os cientistas aplicarem as verbas onde bem quiserem, contanto que engordem as estatísticas governamentais de trabalhos acadêmicos.
Coçou a barba e pensou estar obsoleto. Escrever peças para teatro é bobagem. O negócio é escrever roteiros para o cinema visando milhares e milhares de espectadores passando na frente da bilheteria. O drama, em vez de ser na tela, fica por conta da dificuldade de cobrar os ingressos do fazendeiro, dono do rebanho.
Experiência e imaginação é que não falta ao dramaturgo. Se o negócio é cobrar ingresso por cabeça é melhor mudar o público alvo. Uma ovelha ocupa muito espaço num cinema. Ainda mais com poltronas reclináveis.
Pensou em oferecer filmes para cavalos. Mas estes já estão muito exigentes, acostumados pela nobreza. As vacas ocupariam mais espaço que as ovelhas. Os cachorros e gatos, já escolhem seus próprios filmes em casa.
A grande sacada foi lembrar-se das galinhas. Consideradas pouco exigentes e de memória não muito privilegiada, veriam o mesmo filme cem vezes antes de descobrir que se trata de repetição. Tampouco perceberiam se o filme tem lógica ou não. As galinhas ocupam muito menos espaço, assim pode-se ter muito mais cabeças por sessão.
Por desconhecerem luxo e direitos, em vez de salas atapetadas projeta-se a película nas próprias granjas empoeiradas.
O escritor inglês, nas suas elucubrações, percebeu uma vantagem financeira adicional: as galinhas adoram milho. Portanto seriam consumidoras em potencial da pipoca.
Infelizmente, acabou descobrindo que as ovelhas inglesas têm um sindicato forte e exigem prioridade. Então, diante da imposição, resolve em vez de escrever novas peças, simplesmente adaptar trabalhos antigos. As ovelhas também poderão ver no cinema Mac Béééé e Roméééu e Julieta.

Novamente um texto baseado em notícia publicada no Correio Braziliense desta semana. Sempre às quartas-feira antes da 18 horas. - Ufa, hoje foi no sufoco. Quase apanhei do relógio.

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