01 dezembro 2010

Que país será esse?

O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, ganhou de presente um novo cachorro de estimação. E, como não tem idéia sobre qual nome colocar no bichinho, teve uma idéia genial: chamar o povo russo para dar sugestões. Na última quarta, Putin divulgou, em comunicado no site oficial do cargo no governo russo, que aceita sugestões de internautas para batizar o cão. CB – Você sabia?, 29/11/2010


Numa certa manhã de inverno o jornal anunciava na primeira página que a colheita de trigo foi excepcional, que a vitoriosa seleção de futebol estava com novo técnico e que o inverno não seria muito rigoroso.
Na mesma manhã os muros da capital amanheceram com letras anônimas afirmando que o técnico de futebol desapareceu misteriosamente, que o pão continua ausente nas gôndolas e que a próxima estação será sempre pior.
Na escola, a criançada aprende a biografia do grande líder da nação. É relevado que o querido presidente à frente de uma equipe dinâmica é um defensor incansável do trio saúde, segurança e educação.
Nos apertados transportes coletivos – ônibus, trem ou caçamba de caminhão – tudo pode acontecer além de assaltos e assédios. Os veículos podem até chegar no horário e às vezes ir até o destino sem quebrar.
Nas fábricas, os operários, heróis da nação, trabalham apenas 14 horas diárias e recebem, a preços simbólicos e subvencionados pela pátria, uma refeição balanceada. Exatos 300 gramas.
Nos contracheques, mês a mês os números são cada vez mais expressivos. Em aumentos sucessivos crescem os números dos impostos a pagar.
Nas repartições públicas há uma coleção interminável de carimbos. Os raros funcionários que comparecem ao serviço desconhecem a finalidade dos carimbos por isso encaminham as pessoas das filas ao próximo guichê da próxima repartição.
Nos hospitais, para compensar a falta de médicos, enfermeiros e auxiliares há pacientes espalhados nas camas, corredores e até nas prateleiras vazias de remédios.
Nas prisões de segurança máxima não há assassinos nem estupradores. Não há corruptos nem corruptores. Os ocupantes das celas são homens com as línguas cortadas por ousaram inventar mentiras à respeito das ações dos mandatários do governo.
Nas covas rasas, jornalistas ou não, estão os que se rebelaram contra o sistema e pediram eleições.
Do trono dourado do palácio, o presidente discursa em rede nacional de rádio e televisão elogiando ações e a própria generosidade. Sempre solícito com o clamor popular oferece eleições para daqui a cinco anos.
Em todas as cidades o governo promove festas com discursos, música e rojões. Nas praças e avenidas o povo comemora a bondade. Releva o tempo de espera, esquece mordaças, perdoa maldades e volta a sorrir esperançoso com o fim da ditadura.
Na exata data marcada o governante-mor convoca eleições gerais. O voto não é obrigatório. Vota quem quiser.
Apresenta uma lista com seis nomes. A população vai às urnas. Após a apuração, o nome pelo escolhido pela sabedoria popular será para batizar o novo poodle presidencial.



Ainda não fui chamado para assinar contrato com A Folha, Estadão, Correio Braziliense, Zero Hora, Estado de Minas ou Globo, mas já recebi convite para ser publicado no Tagualetras de Taguatinga e A voz de Goiânia.
Todas as quartas-feiras, até as 18 horas, apresento, no meu blog, um texto com provocação originada em artigo do Correio Braziliense. O texto é limitado entre 2959 e 2997 caracteres.
Sou persistente e acredito na qualidade e constância da minha escrita. Por isto aguardo convite para ser colunista remunerado.

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